sexta-feira, agosto 04, 2006

SONETO


Se eu me vira num bosque, onde não desse
Sinal, vestígio humano de habitado,
De verdenegras ramas tão fechado
Que inda ali de dia anoitecesse;

Se então lá de ua balça ao longe houvesse
Gemendo um mocho, e tudo o mais calado;
Só dentre alguns rochedos pendurado,
Com som medonho, um rio ali corresse;

Enfim num lugar tal onde os meus dias
Consumindo-se fossem na certeza
De não tornarem mais as alegrias;

Faminta ainda a triste natureza,
Cercada ali de tantas agonias,
Nem então se fartara de tristeza.


João Xavier de Matos
N. entre 1730 e 1735 - F. em Vila de Frades em 1789

13 Comments:

Blogger Saramar said...

Muito lindo o soneto, apesar de tão triste, doído mesmo.

Beijos

5:34 da tarde  
Blogger lo said...

Olá
então tanta tristeza??
mas porque??
será que deixar-te o meu sorriso te vai alegrar.
:)))))))))
beijoooooooo

6:40 da tarde  
Blogger Pete said...

A natureza está triste, também não é para menos com todos os atentados que cometem contra ela.

Um Abraço,

Pedro Gonçalves.

8:49 da tarde  
Blogger Lua em Libra said...

Manuel

Por acaso, parei aqui nestes dias. Gostei tanto. Voltei De Propósito.

Bom lugar de passar uns tempos, contemplando. Abraço,

2:10 da manhã  
Blogger Lara said...

sofrido... mas lindo :)

3:09 da manhã  
Blogger  said...

obrigada pela visita ao meu blog...adorei isse soneto, nao conheço isse autor, pode me falar mas sobre ele?
um grande abraço..

3:31 da manhã  
Blogger Xica said...

Muitas das mais belas poesias nasceram de momentos de profunda tristeza. Certamente esta é uma delas.

10:28 da manhã  
Blogger Luna said...

Vida dor, em constante movimento e nós sempre fazendo parte dela.
beijocas

11:23 da manhã  
Blogger Dafne said...

Manuel
Tens muito bom gosto nas escolhas que fazes ena preocupação que tens na escolha de autores menos conhecidos.
Continua...
Um bom fim de semana,
Um abraço amigo,
Dafne

1:56 da tarde  
Blogger Elkinha said...

oh! q triste, porém muito lindo, adoro sonetos!
=T

2:35 da tarde  
Blogger Dalva M. Ferreira said...

Olá...

Não existe acaso... façamo-nos amigos, e este oceano não passará de um laguinho metido a besta, separando-nos única e exclusivamente por acidente geográfico!

Obrigada pela visita, muito me honra. Vou linkar teu blog ao meu, para te fazer voltar lá!

Sugestão: amo os nossos árcades, e amo também Gonçalves Dias. "Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá/ As aves que agui gorjeiam não gorjeiam como lá..."

3:37 da tarde  
Blogger Woman said...

Caem lágrimas nestas palavras, e é tão belo de se sentir...

Beijo

5:37 da tarde  
Blogger  said...

Bem....Aqui me tens a agradecer a tua visita ao meu canto e achei piada...será que o meu rio também chefou ao teu bosque? E Outra coincidência engraçada: Vila de Frades é a terrinha onde a minha mãe nasceu( não tenho muitas referências) , terá sido DE PROPÒSITO?
Gostei da escolha cuidada dos teus poemas.Voltarei.:)
Beijos

6:54 da tarde  

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