segunda-feira, dezembro 21, 2015

PAISAGEM DE INVERNO

Que queres que te diga da paisagem
Donde te escrevo! Meu saudoso amigo,
Tanto disseste que aprendi contigo
A só ver nela a minha própria imagem.

_O mar está bravo; a vinha nua; o trigo
É só esperança. Ríspido e selvagem
O pinhal sustenta com coragem
O seu pesado e verde luto antigo.

Ó minha irmã fecunda e desgraçada!
Já não há sol nem coração que te ame,
Chora no mar a voz dos temporais!

_Oiço daqui a tua voz pausada:
"Há-de haver sempre, em frente ao mar que brame,
A pacífica orquestra dos pinhais."
Sílvio Rebelo